Sua gengiva sangra com frequência?Dentista e higiene: a melhor maneira de combater gengivites e periodontites

Atenção: a boca pode ser porta de entrada de doenças sérias!

Paschoal Rodrigues

A boca é a maior cavidade do corpo em contato com o mundo exterior. Porta de entrada do tubo digestivo, cheia de reentrâncias, ela é o primeiro destino dos alimentos e dos líquidos e, não raro, auxilia na respiração. Também serve para fazer aquele carinho que é exclusivamente humano: beijar. Por suas características e funções, a boca é um ninho de bactérias. Em apenas um mililitro de saliva pululam 150 milhões de bactérias (veja quadro). Esses microrganismos normalmente vivem em harmonia com o ambiente. Alguns são, inclusive, agentes do bem. É o caso dos lactobacilos, encontrados também no estômago e nos intestinos. Eles ajudam a deixar o ambiente extremamente ácido, o que impede a proliferação de germes nocivos. O equilíbrio, no entanto, é precário. Se for quebrado, podem surgir o que dentistas e médicos chamam de doenças periodontais (gengivite e periodontite), inflamações na gengiva ou no tecido que une os dentes ao osso. Em suas formas mais graves, elas contribuem para o desenvolvimento de distúrbios cardíacos, o agravamento do diabetes ou da artrite reumatóide. De cada dez brasileiros, nove sofrem em algum grau desse tipo de afecção. Na maioria dos casos, ela decorre de uma higiene bucal inadequada e da falta de visitas periódicas ao dentista.
As implicações da gengivite e da periodontite seguem basicamente o seguinte caminho: inflamados, os tecidos se tornam irritáveis e sangram durante a mastigação, pela ação da escova de dentes ou do fio dental. Essa hemorragia, por sua vez, possibilita que os micróbios que desencadearam o processo entrem na corrente sanguínea e cheguem a outras partes do organismo. É relativamente fácil que isso aconteça porque a gengiva e o periodonto têm irrigação sanguínea abundante. O problema que mais se associa a essa migração é a endocardite bacteriana, uma infecção grave em uma das válvulas do coração. Uma pesquisa divulgada pela Revista da Associação Médica Britânica revela que as vítimas de doença periodontal têm 25% mais risco de sofrer doenças coronarianas do que as pessoas que não apresentam infecções bucais. As sociedades americanas de cardiologia e odontologia estabelecem que, antes de se submeter a uma cirurgia na boca, todo paciente propenso a ter uma endocardite bacteriana deve tomar, uma hora antes, uma dose de antibióticos. O objetivo é evitar os riscos de infecção durante a operação.

  • 90% dos brasileiros sofrem de algum grau de doença periodontal, inflamações na gengiva ou no tecido que une o dente ao osso
  • 1 mililitro de saliva contém 150 milhõesde bactérias
  • 1 grama de placa bacteriana abriga 100 bilhões de micróbios
  • O risco de problemas cardíacos é 25% maior entre pacientes com doença periodontal